Desde o início dos tempos que, a pé ou a cavalo, os emissários dos grandes senhores eram treinados para levar mensagens. A possibilidade deste transporte ser acessível a todos e não apenas aos ricos e poderosos começou no final da Idade Média. Desde então, a história dos correios é a história de como os serviços de envio de mensagens se tornaram mais eficazes e essenciais à vida de toda a gente.
Os correios no Império Mongol
No século XIII apareceu um sistema postal que abrangia todo o território do Império Mongol. A cavalo, funcionários diligentes levavam mensagens pelas vastas estepes, desertos e montanhas da Ásia, com uma eficácia que deixou o viajante italiano Marco Polo impressionado. “Nada, nem o tempo, nem a doença, nem mesmo um acidente podia servir de desculpa ao mensageiro que não chegasse a horas”, escreveu.
Os primeiros correios públicos
No século XV, a família Thurn und Taxis criou um serviço postal que se espalhou por todo o centro da Europa, dos Países Baixos à Itália, da Hungria a Espanha. Este serviço tinha a particularidade de não servir apenas imperadores, nobres e bispos: Era acessível a todos os burgueses e comerciantes que o pudessem pagar.
O nascimento dos correios em Portugal
Em 1520, o rei D. Manuel I nomeou Luís Homem como o primeiro correio-mor do reino e incumbiu-o de organizar o serviço público português de correios. Das suas viagens à Flandres como embaixador do rei, Luís Homem conhecia bem os serviços postais de Thurn und Taxis e foi neles que se inspirou.
Os problemas dos correios
Escrevia-se pouco e o correio era um luxo. Os portes, que eram caros, deviam ser pagos por quem recebia a mensagem. Muitas vezes, se essa pessoa não podia pagar o que lhe exigiam, simplesmente recusava a mensagem. Por sua vez, os mensageiros, carregados de cartas e dinheiro, podiam ser atacados por salteadores. Estava, assim comprometida a rentabilidade dos correios.
A invenção do selo postal
Para resolver esses problemas, Rowland Hill, um professor de liceu britânico, pensou que o melhor seria baixar e uniformizar os preços e exigir que o porte fosse pago pelo remetente antes da entrega. Só assim seria possível:
- Acabar com o mercado negro
- Evitar que o operador da rede postal não recebesse nada em troca do seu trabalho
- Diminuir o extravio das correspondências.
Em 1837, publicou uma pequena brochura intitulada “A reforma dos correios: a sua importância e vantagens”. A sua ideia era colar nos sobrescritos uma espécie de recibo que garantisse que o porte já estava pago e que as mensagens seriam levadas ao destino. Inventava, assim, o selo postal.
Foi o próprio Rowland Hill quem desenhou o primeiro selo do mundo: o Penny Black. Impresso a negro e com o valor de um péni (a duodécima parte de um xelim), começou a circular no dia 1 de maio de 1840 e ganhou logo a confiança da população.
Os selos chegam a Portugal
O novo método de franquia era tão cómodo e eficaz que a reforma postal à inglesa foi rapidamente adotada pelos correios de todo o mundo. Em Portugal, o primeiro selo entrou em circulação em 1 de julho de 1853. Foi desenhado por D. Fernando de Saxe-Coburgo e tinha o perfil da rainha D. Maria II, sua esposa.
A nova vida dos selos
Nas últimas décadas, por causa das novas tecnologias, as pessoas enviam menos correspondência e, quando enviam, é raro escolherem os selos conforme as emoções que querem transmitir. No entanto, os selos continuam a ser importantes, mas já não apenas como franquia ou como elementos de personalização da correspondência.
Por recorrerem a materiais e técnicas de impressão inovadoras, os selos e as emissões filatélicas que incluem também blocos e bilhetes-postais, entre outros produtos, estão na vanguarda da experimentação gráfica. E sobretudo por evocarem a memória de personagens, objetos e acontecimentos emblemáticos da história e da cultura de um país ou de uma região são expressões da identidade e do património desse coletivo e veículos da sua difusão pelo mundo.